PrimeLife (Ano IX)

Viva Bem, Viva Mais, Viva com Estilo

Poucos são os que já amaram de verdade

imagessqyvroodAmigo, tá ai?

Preciso muito te dizer que o nosso problema com relacionamentos não é nosso problema.

Que nós não somos os errados da história.

Sim, assumo que somos esquisitamente carentes, mas isso faz parte da nossa essência. Carregamos o mundo todo nas costas ou dentro do peito, e no fim, só queremos que alguém o abrace ou, de repente, faça um curativo, tape os buracos com band-aid pra que ele continue batendo. Para represa não romper.

A gente se doa, se dói, se entrega e apanha.

Mas no fim, tudo que fazemos é importante. Ensinamos às pessoas o que é ter alguém que se importa, que ama, que liga no dia seguinte ou mais de uma vez no mesmo dia.

Ainda somos aquele tipo de gente que ouve música e chora, cara, a gente, ainda, chora. Sabe o quão raro isso é?

Neste mundo de estátuas de sal que vivemos, ainda queremos um único alguém para cuidar. Para amar. Para fazer do peito, ninho. Do coração, abrigo. Somos únicos. No meio de sete bilhões de pessoas, não nos rendemos à maioria que vive amores rasos. Fúteis. Que se vendem por status.

Amigo, pessoas como nós são tão escassas!

Só agora me deixei envenenar por esse egoísmo ridículo. Sabe, a gente aceita tanta coisa, pondera, elogia, critica, analisa, ressalta, discute, a gente entende tanta coisa, coisas que chegamos a condenar em nossos próprios reflexos.

Sabe o que é? Talvez tenhamos nos acostumados a ser o que somos e busquemos outros assim. Do nosso tipo. Sensíveis demais. Emocionais demais. Sentimentais demais. Racionais, com certeza, de menos.

Amigo, ainda tá ai?

Preciso muito te dizer que o nosso problema com relacionamentos não é nosso problema. E outra coisa – que nós não somos os errados.

Errados são todos os outros que se deixam contaminar pela dura e fria forma de viver. Que acabam rejeitando carinho porque sua liberdade precisa vir acompanhada da solidão.

Mas, para concluir o meu desabafo, meu querido, quero te dizer mais uma coisa — poucos são os que já amaram de verdade.

Poucos são os que já entraram no fogo cruzado do amor de peito aberto. Mas não os culpo.

Eles nunca souberam amar alguém porque, até antes das nossas aulas de companheirismo, nunca tinham vivido um romance.

Sendo assim, dou-me por satisfeito.

Eu mostrei para alguém o que é ser gostado de verdade.

19/08/2017 Posted by | Amor | Deixe um comentário

Bem me quer, mal me quer, não me quer. Um adeus às ilusões.

Viver na dúvida, entregue às fantasias e interpretações de sinais imperceptíveis e questionáveis. É o que fazemos na maioria das vezes, temendo que a realidade nos decepcione e destrua os sonhos caprichosamente alimentados.

Preferimos montar o cenário e inserir o amor lá dentro, ainda que por vezes não combine com a proposta. Preferimos decorar a realidade a encará-la sem pintura.

Bem me quer, mal me quer. Não me interessa saber a categoria do querer, se construí um castelo indestrutível para o amor que tanto sonhei. E, se for preciso, manipularei as pétalas para que me mostrem o resultado que espero.

Uma pena que a vida não funcione desta maneira. As pétalas frágeis podem ser arrancadas e escondidas, mas ainda mais frágeis e sem estrutura, são as ilusões.

Elas fazem o papel de analgésico muitas vezes, por não suportarmos a dor da indiferença ou do desamor, mas não conseguem nos sustentar por muito tempo.

É preciso deixar as ilusões partirem, levando as portas, janelas e jardins do castelo construído, deixando tudo descoberto e à vista, para entender por onde começa a reconstrução.

Querer não é poder. Querer é só metade da força para uma construção. Tem um outro lado que também precisa querer e oferecer seus esforços para coisa funcionar.

Se nos deparamos com o “não me quer”, por mais que doa e decepcione, não haverá ilusão ou sonho ou vontade que transforme o terreno baldio em um lugar bom para se viver.

Sonhar é gostoso. Conforta, dá esperanças, boas ideias, sugere o futuro. Mas sonhar por dois, depositar esperanças, tempo e vontade em um projeto solitário, é doloroso e decepcionante.

Nesse caso, ao invés de consultar as pétalas, melhor é deixar as flores vivas e inteiras, e aprender a lidar com o “não me quer” sem transformá-lo em “mal me quer”.

 

19/05/2017 Posted by | Amor, Atitudes | Deixe um comentário

Amor de verdade a gente conserta, não joga fora.

Considerado o “Poderoso Chefão” dos sentimentos, todo mundo quer encontrar o grande amor.

Mas, ao mesmo tempo, ninguém quer dividir tristezas e desilusões, sentir as incansáveis dores físicas, passar por torturas psicológicas ou ficar noites sem dormir.

Ninguém quer ter que aguentar o outro de mau humor, suportar as diferenças, compartilhar e ceder.

As pessoas querem mesmo é viver apaixonadas, curtir aquele desejo e vontade de fazer sexo todas as noites, tomar sol em uma casa de veraneio na praia ao som dos pássaros cantando e viver o sonho da família Doriana.

Por isso, os amores de hoje são tão descartáveis.

A cada esquina se acha alguém para se apaixonar, mas ninguém para amar.

Cadê as pessoas que estão dispostas a suportar, no dia a dia, as imperfeições e que estão afim a criar problemas e, depois, resolvê-los juntas?

Está tão clichê dizer eu te amo e fazer amor (que nem pode mais se chamar de amor), que andar de mãos dadas não reflete companheirismo e um elo, mas sim, só mais duas mãos e alguns passos, que podem seguir separados.

O que mais me impressiona não é nem o fato do “felizes para sempre” estar quase que em extinção, mas a coragem que as pessoas têm de, quando não conseguirem fazer as coisas darem certo e enfrentarem dificuldades juntas, se consolarem com o simples “Não era pra ser…”. Porque afinal, a culpa toda é do destino.

Fico pensando na quantidade de coisas na vida que deixamos passar por falta de força de vontade.

Com o amor é assim. Não queremos unir o azul, o amarelo, o verde, o branco e o vermelho, queremos só o vermelho e pronto.

Mas para tudo e todo tipo de amor, sejam entre homens e mulheres, amigos e familiares é preciso de uma união de cores, sentimentos e mais do que isso, paciência.

Tudo precisa se encaixar no lugar certo. Só que nós precisamos fazer nossa parte para que isso aconteça.

Tentar, quem sabe?

Muitas vezes nos contentamos em amar pela metade só porque achamos que felicidade é se manter apaixonado, sempre.

Paixões são instantâneas. Isso vai e vem.

São lindas, concordo, e fragmentos do amor, mas, meu caro, apesar de estourar fogos de artifício no seu estômago infelizmente não durarão por uma vida inteira.

Não é só somando alegrias e momentos bonitos que se ama, é no meio da turbulência que se descobre o verdadeiro amor.

Tem uma frase de Clarice Lispector que eu gosto muito que diz o seguinte: “Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.”

E acho que isso resume tudo.

Paixão e carinho caminham juntos, mas para amar precisa-se de muito mais.

17/04/2017 Posted by | Amor, Comportamento | Deixe um comentário

Amor que é amor verdadeiro não se mendiga

amor-líquido (1)Amor que se mendiga não é amor, é falta de dignidade e de respeito de uma pessoa consigo mesma. Porque quando amamos alguém, cuidamos dessa pessoa e evitamos ao máximo qualquer tipo de dor que ela possa sofrer. Por isso, se você não cuida dos seus amores, se não evita suas dores, são apenas amores falsos.

Nesse sentido, fazer isso é o primeiro passo para viver um amor em plenitude, para não cair em casos de manipulação, de maus-tratos e de vitimização. Provavelmente sentimos e pensamos que em determinadas ocasiões o sofrimento é inevitável, mas não é.

Qualquer ser humano é capaz de superar a si mesmo, de impedir que os outros se aproveitem de seus sentimentos e de perceber se uma relação não é digna para nós porque não nos oferece felicidade, prazer ou crescimento.

A angústia de amar quem não nos ama

Perceber e se afastar de um amor que não nos ama e que não nos dá atenção ou carinho envolve passar por um tempo de luto que deve ser respeitado; trata-se de um tempo e um espaço para compreender o que aconteceu.

O sofrimento por amor precisa de reflexão para ser superado, pois a angústia de se dar conta de que alguém não nos ama nos faz sentir apavorados por dentro. Sentimos que essa falta de amor nega e inutiliza todos os nossos sentimentos e acaba com a nossa capacidade de amar.

É necessário permitir a si mesmo um tempo para ficar chateado, para negar a realidade, para fantasiar, para ficar horrorizado, para perder o chão, para não se compreender e depois descobrir as partes nossas que estão quebradas e as que estão intactas, para restabelecer os sentimentos.

Tudo isso é indispensável para amarmos a nós mesmos, para nos sentirmos importantes e valorizados. No final, quando deixamos alguém que não nos ama de verdade para trás, começa um processo de liberdade emocional que substitui toda a dor por bem-estar.

A falta de interesse mata o carinho

O amor deve ser demonstrado, não mendigado. Implorar por amor é submeter a nossa capacidade de amar ao mais cruel sentimento: a indiferença. A indiferença nasce do desequilíbrio das relações e se sustenta graças à fraqueza de um dos membros da relação.

Não há nada melhor do que demonstrações de interesses contínuas para começar a abrir os olhos quando nos sentimos obrigados a fechá-los.

Então nos damos conta de que nem todo amor é amor de verdade, de que nem sempre nosso querer recebe reciprocidade, e de que para ser feliz em casal é preciso que os dois sujeitos se divirtam juntos, sejam cúmplices e bons amantes.

Só na ausência de mentiras, de desculpas e de desinteresse é possível criar um amor que seja, em essência, liberdade, e gere condutas saudáveis e não ressentimentos. Nós merecemos relações em que temos liberdade de escolha, proximidade, baseadas no carinho, em tempo compartilhado e em pensamentos que caminham juntos.

É preciso cuidar de nossa autoestima, gostar de nós mesmos

Ninguém pode fazê-lo (a) infeliz sem o seu consentimento. Para construir uma relação em casal feliz é preciso dar importância e valor a si mesmo, gostar de si. Ou seja, devemos demonstrar tudo isso a cada dia.

Quando conseguirmos isso estaremos prontos para não buscar quem não nos valoriza e não demonstra interesse, não nos entregarmos ao limbo emocional que é a indiferença que nos dá apenas mensagens ignoradas e silêncios sem fundamento.

Ainda que os amores nos decepcionem, que sintamos que estamos ao lado do amor de nossas vidas ou que não acreditemos que existam amores eternos, o amor verdadeiro e indispensável é o amor por si mesmo, e será a partir do cultivo desse sentimento de amor pessoal que poderemos entender e buscar o que merecemos de verdade.

06/01/2017 Posted by | Amor, Comportamento | Deixe um comentário

Amor maduro: quando o primeiro amor não vem na ordem certa

pele saudavel3Às vezes o primeiro amor não vem na ordem certa. Existem relacionamentos que acontecem na idade madura, nos possibilitando descobrir pessoas mágicas e inesperadas em cujos braços gostamos de nos refugiar, porque têm cheiro de lar e seus beijos sabor de açúcar e fogo ao mesmo tempo. Porque o amor maduro não compreende idade, é digno, vital e energizante.

Um fato comum em muitos destes casos nos quais se consolidam relacionamentos tão significativos na idade madura é que um dos membros tinha a total certeza de que no seu caso, as portas do amor tinham se fechado para sempre. Às vezes armazenamos fracassos sentimentais tão desoladores que temos a sensação de que nosso próprio coração, transformado já em pedra, caiu no fundo de um poço.

Os amores maduros são encontrados no meio da tarde da vida. São pessoas livres, tranquilas de coração e ricas de pensamento, porque nos seus rostos dançam os sorrisos e a vontade de continuar amando. Porque às vezes o primeiro grande amor não vem na ordem certa.

Também é preciso apontar uma coisa importante. Nem todas as pessoas, só porque chegaram aos 50 ou 60 anos, são capazes de construir um amor maduro, consciente e feliz. Existem muitos corações amargos que não purgaram penas, que não foram capazes de fazer essa viagem interior para poder perdoar, e fazer das vivências passadas caminhos renovados para transitar com esperança.

Porque a maturidade pessoal não é trazida pelos anos, nem pelos danos. Mas sim pela atitude e sabedoria das emoções onde nem todos adquiriram seu doutorado, seu mestrado. Convidamos você a refletir sobre isto.

O amor maduro, construindo presentes perfeitos

Quando a gente chega nessa idade em que as décadas já traçaram em nós mais histórias do que poderíamos contar, às vezes nos vemos como essas frutas maduras ligeiramente machucadas nos cantos. Agora, é preciso lembrar que as frutas maduras têm um sabor muito mais doce e prazeroso do que essas outras muito verdes, firmes e ligeiramente amargas.

Nossas experiências não são um lastro. Ao contrário, ninguém deveria ser o resultado das suas decepções, dos seus fracassos, ou menos ainda das feridas que outros causaram. Somos nossa atitude diante de tudo que foi vivido, nunca um mero resultado. Por isso, o amor maduro agrega ao sentimento uma dose de sabedoria para poder construir aquilo que importa de verdade: um presente feliz, um presente digno e apaixonado no qual se descobrir um ao outro.

Nenhum dos dois membros renuncia a seu passado, simplesmente são aceitos, como se aceitam as peles nuas habitadas por algumas cicatrizes, alguma ruga feita pelo tempo nesses rostos e nesses corpos perfeitamente imperfeitos onde, obviamente, também não importam as décadas nem as decepções. Somente o prazer do aqui e agora.

Sábios artesãos do amor

Francesco Alberoni é um conhecido sociólogo especialista em relacionamentos amorosos que nos deu livros interessantes como “Paixão e amor”. Segundo ele, o ser humano ainda não compreendeu quais são os mecanismos do amor autêntico e duradouro. Muitos nos deixamos levar por esse naufrágio químico que é a paixão, a necessidade de um pelo outro, mas poucos conseguem entender que acima de tudo, amar é saber construir.

O amor não tem idade, porque o coração não tem rugas, porque o amor, se é intenso e puro, sempre é jovem.

Os amores na idade madura já conhecem de sobra o que é estar apaixonado, por isso, o que anseiam nesta etapa da vida é uma coisa muito mais profunda e ao mesmo tempo delicada. Desejam intimidade, a cumplicidade de dois olhares que se entendem sem palavras, desfrutar de espaços em comum mas ao mesmo tempo respeitando a individualidade de cada um. Anseiam por um vínculo forte e nobre no qual trabalhar e investir todo dia por esse pacto implícito mas presente: o amor.

Erich Fromm dizia que amar é uma arte. Não é apenas uma relação prazerosa, essa que nos traz sem sombra de dúvida a própria paixão, ali onde praticamente não é preciso fazer nada, apenas sentir, deixar-se levar, respirar, sonhar e deixar-se cair nos recôncavos profundos do desejo.

Amar é uma arte porque requer esforço, é como dar forma a uma escultura ou a uma tela onde cada pincelada é fundamental para dar perspectiva, corpo e beleza a essa obra. O amor maduro, esse que acontece quando já deixamos a juventude, é muito capaz de traçar cada movimento com sutil perfeição porque é um bom artesão das emoções. Porque já não precisa demonstrar nada e sabe muito bem o que quer.

Porque as pessoas autênticas constroem amores autênticos, plenos e realizadores. Não importa então que o primeiro amor não tenha chegado na ordem certa. A vida, no fim das contas, tem um toque maravilhosamente caótico, e não temos mais remédio que nos deixar levar enquanto avançamos com sonhos e com o coração sempre acesso, sempre jovem.

06/12/2016 Posted by | Amor | Deixe um comentário

A Arte de Amar

a-arte-de-amarO psicanalista e filósofo alemão Erich Fromm se propôs a estudar ferrenhamente alguns temas essenciais da experiência humana, tais como moralidade, razão e, principalmente, o amor, tema pelo qual ele se tornou famoso devido à sua abordagem tão íntegra.

Em seu livro mais popular, A Arte de Amar, o autor oferece descrições teóricas e aplicações práticas do amor no sentido mais profundo e amplo da palavra. Ele descreve as raízes de nossos anseios por amar e ser amado. Fromm apresenta esta obra da seguinte forma:

“Este livro quer mostrar que o amor não é um sentimento que pode ser facilmente cultivado por qualquer pessoa, independentemente do nível de maturidade alcançado por ela. Ele quer convencer o leitor de que todas as suas tentativas para o amor estão fadadas ao fracasso, a menos que se tente desenvolver sua personalidade total, de modo a alcançar uma orientação produtiva; que a satisfação do amor individual não pode ser alcançada sem a capacidade de amar o próximo, sem humildade, verdade, coragem, fé e disciplina. Em uma cultura em que essas qualidades são raras, a realização da capacidade de amar deve permanecer um feito raro.”

Fromm sugere que uma das maiores necessidades do homem é evitar a angústia da separação, provinda do sentimento de solidão e isolamento. O homem é dotado de razão, a qual lhe faz compreender da finitude de sua vida e sobre os sentimentos desagradáveis que envolvem a desunião. Assim, busca preencher um vazio ao encontrar um alívio para esses sentimentos, e o amor lhe parece ser a solução mais contundente e eficaz para esse propósito.

A consciência de si mesmo como entidade particular, separada; a consciência de seu próprio e curto período de vida, de morrer contra a vontade, antes daqueles que ama, ou estes antes dele; a consciência de sua solidão e separação, “tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável”. Seres humanos ficariam loucos se não pudessem libertar-se de tal prisão e alcançar outros seres humanos, através do amor.

A experiência de separação desperta grande ansiedade, e dá origem à culpa e um sentimento de arrependimento. Assim, o amor surge como luz na escuridão. A fim de escapar da condição de separação, esta que, para Fromm, atormenta todos os homens, busca-se nas relações afetivas um antídoto. Entre as respostas procuradas para a existência humana, a mais completa, segundo Fromm, está na realização da unidade interpessoal, da fusão com outra pessoa: está no amor.

O próprio fato de que a humanidade continua a existir nesse mundo, apesar de todas as forças para destruí-la, é prova do poder unificador do amor.

Na história, os seres humanos sempre passaram a vida tentando resolver o problema fundamental de estar separado de outras pessoas. É claro que, para muitos, essa separação não é tão dolorosa assim, mas não deixa de ser sentida, conscientemente ou não. E seus efeitos são, comparativamente, os mesmos, embora cada pessoa reaja a eles de formas diversificadas, em resposta às suas motivações.

Mesmo quem evita ou ignora o amor procura subterfúgios para lidar com as sensações desagradáveis de solidão, tédio e melancolia, experimentadas universalmente. Esses subterfúgios costumam ser experiências de entretenimento e ocupação que, apesar de significativas e, cada uma à sua forma, intensas, são sempre transitórias e periódicas. Por isso, muitos procuram o amor como ideal fixo, de forma a evitarem necessidades superficiais e passageiras que não oferecem mais do que satisfações de curto prazo, que insatisfazem a longo prazo, justamente por sua finitude. Segundo Fromm:

“A falência absoluta em alcançar esse alvo significa loucura, porque o pânico do isolamento completo só pode ser ultrapassado por um afastamento do mundo exterior de tal modo radical que o sentimento de separação desapareça – porque o mundo exterior, de que se está separado, também desapareceu.”

Muitas pessoas acreditam que o amor destrói sua liberdade como indivíduo. Mas Fromm diz que isso não é verdade. Em primeiro lugar, ele diz, o amor não se limita a dar no sentido material. Ao amar, nós oferecemos parte de nossa essência, contida em sentimentos, intuições, preocupações e interesses. Em segundo lugar, amar exige que se desprenda do ego; parte da disposição de estarmos livres para amar, e não para ser livres. O amor enriquece o doador, argumenta Fromm, porque o amor produz a união, que reforça nossa verdadeira individualidade.

“No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, permaneçam dois.”

No livro, Fromm disserta que o tipo de amor capaz de resolver alguns problemas existenciais pode ser descrito tanto por aquilo que é quanto pelo que não é. O amor é uma resposta satisfatória e sã para muitos desses problemas, mas, dependendo de sua compreensão, essa resposta pode soar superficial e banal.

Muitos pensam que o amor é um objeto a ser perseguido e possuído, e não uma emoção que deve ser cultivada e semeada como virtude. Como o amor, toda virtude deve ser aprendida e trabalhada, do contrário, será disfuncional por falta de uso.

O filósofo alemão afirma, com segurança, que o amor é uma arte e, se é uma arte, exige conhecimento, esforço e disciplina. Ninguém pode se tornar um mestre do dia para a noite. Isso demanda tempo e prática. Com o amor não é diferente.

O autor, salientando sua metáfora do amor como arte, escreve:

“O primeiro passo a tomar é estar consciente de que o amor é uma arte, assim como a vida é uma arte. Se queremos aprender a amar, devemos proceder da mesma forma que temos de proceder se queremos aprender qualquer outra arte, como música, pintura, carpintaria, ou a arte da medicina e engenharia, por exemplo. Quais são os passos necessários para aprender qualquer arte? O processo de aprender uma arte pode ser dividido em duas partes: um, o domínio da teoria; outro, o domínio da prática. Eu deverei me tornar um mestre nessa arte só depois de uma grande quantidade de prática, até que os resultados do meu conhecimento teórico e os resultados do meu conhecimento prático misturem-se em um – a minha intuição, a essência do domínio de qualquer arte.”

Além de aprender teoria e prática, Fromm enaltece, há um terceiro fator necessário para se tornar um mestre em qualquer arte: o domínio da arte deve ser um motivo de preocupação final; deve haver nada no mundo mais importante do que isso.

“E, talvez, aqui reside a resposta para a pergunta de por que as pessoas em nossa cultura tentam tão raramente aprender essa arte, apesar de suas falhas óbvias. Eu digo, apesar do desejo profundo de amor, quase todo o resto é considerado mais importante do que o amor: sucesso, prestígio, dinheiro, poder – quase toda nossa energia é utilizada para a aprendizagem de como alcançar estes objetivos, e quase nenhuma para aprender a arte de amar.”

Na visão de Fromm, o amor não é um substantivo ou objeto, mas sim um verbo e uma prática. Ao ler A Arte de Amar, entende-se melhor como muitas dores e frustrações existenciais são ocasionadas por um simples problema de abordagem em relação ao amor.

Se duas pessoas forem estranhas e, de repente, a parede entre elas se quebra, esse momento de unificação é uma das experiências mais instigantes da vida. É ainda mais instigante para quem esteve, antes, isolado. Segundo Fromm, este milagre de súbita intimidade muitas vezes é facilitado se for combinado com atração sexual e consumação. No entanto, ele diz, este tipo de amor é, por sua própria natureza, fragilizado e não duradouro.

“As duas pessoas se tornam bem familiarizadas, sua intimidade perde cada vez mais o caráter miraculoso, até que seu antagonismo, suas decepções e o tédio mútuo matem o que resta da excitação inicial. Porém, no início, essas pessoas não sabem disso: na verdade, elas tomam a intensidade da paixão, sendo e vivendo essa loucura um sobre o outro, para a prova da profundidade de seu amor, enquanto ele só pode revelar o grau de sua solidão anterior.”

De acordo com Fromm, não há praticamente qualquer atividade, empreendimento que é iniciado com tão tremendas esperanças e expectativas, e ainda, que falhe regularmente, como o amor.

A única forma de evitar esse histórico de fracasso, argumenta o filósofo, é examinar as razões subjacentes para a desconexão entre nossas crenças sobre o amor e sua atribuição real – que deve incluir um reconhecimento do amor como uma prática informada ao invés de uma graça imerecida.

Assim como não há um manual para ser artista, não há um manual de como amar. Segundo Fromm, não se deve consultar um guia “faça você mesmo” para o amor, já que não existe. Deve sim investir no desejo de se tornar um artista do amor. Para isso, é necessária uma conscientização acerca de teoria do amor e prática amorosa.

O autor teorizou que existem quatro atividades necessárias para o amor. A primeira atividade é o cuidado. Amar aquele pelo qual se trabalha, e trabalhar por aquele que é amado. Se, por exemplo, uma mulher nos disse que adora flores, e vimos que ela se esqueceu de molhá-las, nós não acreditamos em seu amor por flores. A segunda atividade é responsabilidade. Ser responsável significa estar alerta, disposto e pronto para agir e responder. É um ato voluntário, elemento do amor. A terceira atividade é o respeito. O desejo por considerar e apoiar o outro como ele é, e não como queremos que seja. Respeito não é medo ou temor, mas a ausência de exploração. Fromm acrescenta que “responsabilidade poderia facilmente deteriorar-se em dominação e possessividade, se não fosse por respeito”. A quarta e última atividade necessária é o conhecimento. Fromm sugere que “não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la”.

O autor também teorizou que, na prática, há três requisitos gerais para se dominar qualquer arte, como o amor. O primeiro requisito é a disciplina. Não se torna especialista em algo quem não dedica tempo e esforço suficientes para tal. Nesse caso, a preguiça é a maior inimiga. O segundo requisito é a concentração. Deve-se manter a atenção, submersão em foco e evitar trivialidades. Como diz Fromm, “nossa cultura leva a um modo de vida desconcentrado e difuso; fazem-se muitas coisas ao mesmo tempo”. Por fim, o terceiro requisito é a paciência. Boa arte leva tempo e dedicação. “Quem anda atrás de resultados rápidos nunca aprende uma arte”.

Outro elemento do amor citado separadamente por Fromm, tão importante quanto todos os outros, é a fé. Amar é um ato de fé. Precisamos acreditar na outra pessoa, se abrir para ela, mesmo sabendo que isso nos torna mais vulneráveis. Algumas pessoas hesitam em fazer isso, com medo de serem feridas ou decepcionadas por causa de sua abertura emocional. Mas, sem essa permissão de abertura, que se baseia na fé, não pode haver amor.

Após falar sobre alguns elementos teóricos e práticos sobre a arte de amar, Fromm discute os diferentes tipos de amor, que são: amor fraterno, amor maternal, amor paterno, amor erótico e amor próprio.

Ao discutir sobre amor fraternal, ele afirma que o amor é baseado em uma atitude; uma forma de pensamento que é solidificado pela prática, direcionada para tudo e para todos. Dessa maneira, o autor sugere que devemos amar, além dos irmãos e amigos, nossos inimigos. Se alguém diz que só é capaz de amar uma pessoa ou grupo de pessoas, passa a impressão de ser indiferente para com as demais, o que, na opinião de Fromm, não demonstra amor verdadeiro. Pelo contrário, é mais uma forma de egoísmo. Para o amor ser realmente amor, e não matéria de egoísmo, deve ser totalmente inclusivo: uma atitude altruísta, a qual Fromm chama de fraternal. “O amor fraterno é amor por todos os seres humanos; caracteriza-se pela própria falta de exclusividade”.

Amar a todos é um desafio que poucas pessoas estão dispostas a enfrentar. É claro que isso é nada fácil de acontecer, mas ninguém disse que o amor é fácil. Contra inimigos ou pessoas que ameaçam nosso bem-estar, é mais fácil sentir ódio e indiferença, que requerem menos esforço, uma vez que são comumente respostas para tudo o que nos testa o amor.

Já o amor maternal, este costuma ser incondicional, sem amarras. A mãe ama a criança, independentemente do que ela faz, pelo simples fato de que é seu filho. Por outro lado, sugere Fromm, o amor paterno é condicional, sujeito à fragilização em caso de desalinhamento entre as expectativas do pai e os comportamentos do filho.

Fromm aponta que, assim como todos nós temos uma mistura de características masculinas e femininas, cada pessoa tem a capacidade de expressar tanto amor maternal quanto paternal. Para o filósofo, a maturidade do amor resulta do equilíbrio entre estes dois tipos de amor.

“O amor infantil segue o princípio: ‘Amo porque sou amado’. O amor amadurecido segue o princípio: ‘Sou amado porque amo’. O amor imaturo diz: ‘Eu amo você porque preciso de você’. O amor maduro diz: ‘Eu preciso de você porque amo você’.”

A pessoa imatura coloca suas necessidades em primeiro lugar, ao passo que a pessoa madura considera o amor como mais importante, na análise de Fromm.

Outro tipo de amor importante é o amor próprio. Fromm assinala que é preciso distinguir entre amor próprio e egoísmo. “O egoísmo e o amor próprio, longe de serem idênticos, são efetivamente opostos”. O egoísmo é uma forma de adoração narcísica que nada tem a ver com amor. Por outro lado, uma pessoa amorosa que ama todas as outras pessoas, ama a si mesma. Ou seja, o amor alheio não pode ser separado do amor por si mesmo.

Sobre o amor erótico, diz Fromm, há muita ilusão. Muitas vezes, as pessoas cometem o erro de pensar que, porque elas são atraídas fisicamente por outra pessoa, também sentem amor por ela. Mas, se a relação é apenas física, então ela não satisfaz as necessidades de união, uma vez que se considera suprir apenas um desejo transitório, por meio de sexo. Na verdade, se for apenas uma relação física, pode fazer os praticantes se sentirem ainda mais distantes do que eram antes de se conhecerem, porque sua satisfação imediata, não duradoura, faz lembrar da solidão que precedeu a relação física. Se, por outro lado, essa relação é acompanhada por sentimento de amor fraternal, pode ser uma forma mais madura de amar, sendo um meio de atingir mais do que um prazer temporário. O amor, para ele, não é resultado da adequada satisfação sexual, mas a felicidade sexual é resultado do amor.

Segundo Fromm, o amor é uma prática de um poder humano que só pode ser exercido na liberdade, e nunca como resultado de uma compulsão.

“O amor é uma atividade, e não um afeto passivo; é um erguimento e não uma queda. De modo mais geral, o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar, e não em receber.”

Alguns consideram que dar é abandonar alguma coisa, ser privado de algo, sacrificar. Ou seja, sentem que dar é um empobrecimento. A maioria, talvez, se recusa a dar por causa desse pensamento enviesado. Para outros, no entanto, dar é a mais alta expressão de potência.

“Dar é mais alegre do que receber, não por ser uma privação, mas porque, no ato de dar, encontra-se a expressão de minha vitalidade […] Que dá uma pessoa a outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá de sua vida. Isso não quer necessariamente dizer que sacrifique sua vida por outrem, mas que lhe dê daquilo que em si tem de vivo; dê-lhe de sua alegria, de seu interesse, de sua compreensão, de seu conhecimento, de seu humor, de sua tristeza. Dando assim de sua vida, enriquece a outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vitalidade ao valorizar o seu próprio sentimento de vitalidade. Não dá a fim de receber, dá em si mesma […] No ato de dar, algo nasce, e ambas as pessoas envolvidas são gratas pela vida que para ambas nasceu. Com relação especificamente ao amor, isso significa que o amor é uma força que produz amor.”

Dando prosseguimento aos raciocínios de Fromm, em A Arte de Amar, ele também discute, a partir de uma perspectiva bastante crítica, sobre a desintegração do amor na sociedade contemporânea. Segundo ele, as relações humanas estão cada vez mais alienadas, desprovidas de união.

“Nossa civilização oferece muitos paliativos que ajudam as pessoas a se tornarem conscientemente inconscientes dessa solidão: antes de tudo, a estrita rotina do trabalho mecânico, burocratizado, que as auxilia a permanecerem sem conhecimento de seus desejos humanos mais fundamentais, da aspiração de transcendência e unidade. Como a rotina, por si só, não o consegue, o homem supera seu desespero inconsciente através da rotina da diversão, do consumo passivo de sons e visões oferecidos pela indústria do divertimento; e, além disso, pela satisfação de comprar sempre coisas novas e de logo trocá-las por outras.”

O filósofo alega que a felicidade do homem, hoje em dia, está, primacialmente, em divertir-se. E divertir-se consiste na satisfação de consumir e obter. Na atual sociedade, tudo é consumido, engolido. E o amor também insere aí como relação de troca, com seus negociantes discutindo o preço, não a qualidade do produto.

Enfim, Fromm explora, neste livro, os equívocos e tabus culturais que nos impedem de dominar a habilidade humana suprema de amar, destacando sua teoria e prática através de uma visão lúcida, atemporal e dinâmica sobre as complexidades do amor.

08/10/2016 Posted by | Amor, Arte, Livros, Poesia | Deixe um comentário

O valor de um beijo

teu-beijo-salgadoQuando beijamos com paixão sentimos um comichão, mais quando o beijo é de amor o recebemos com ardor.

Só sabe quanto vale um beijo quem ama e se perde no desejo, parece mágica de repente você está flutuando, é como se o tempo parasse no instante daquele beijo.

É uma sensação diferente que vai tomando o corpo da gente não dá nem para explicar.

O beijo é o verdadeiro sabor

de amar …

05/10/2016 Posted by | Amor, Poesia | 1 Comentário

Dia dos Amantes

Hoje comemora-se o Dia dos Amantes.

Em homenagem a todos que amam, uma belíssima música do meu amigo Paulo Sérgio Valle.

“Se eu não te amasse tanto assim” na performance de Ivete Sangalo.

22/09/2016 Posted by | Amor, Lembranças do Dia | 1 Comentário

Você não serve para nada, mas não sei viver sem você

a quem ...Só nos ama, só vai ficar até o fim aquela (e) que depois da nossa utilidade descobrir o nosso significado.

Por isto sempre peço a Deus, sempre faço a ele a oração de poder envelhecer ao lado das pessoas que me amem.

Aquelas que possam me proporcionar a tranquilidade de ser inútil, mas ao mesmo tempo sem perder o valor.

Se outra (o) te ama de verdade é só identificar se ela (e) seria capaz de superar a sua inutilidade.

Você só ama alguém que pode ficar inútil para você sem que você sinta o desejo de jogá-lo fora.

Poder olhar nos olhos e dizer “Você não serve para nada, mas não sei viver sem você”

Pe. Fábio de Melo

08/06/2016 Posted by | Amor, Pensamentos, Reflexões | 1 Comentário

Tem beijo que é melhor que sexo

L045Pele arrepiada, sentidos despertos, calor. O instante que antecede o beijo causa reações tão poderosas quanto difíceis de descrever. Beijo bom é aquele que silencia o mundo à nossa volta, que deixa a gente com uma vontade irresistível de fechar os olhos. Beijo bom é aquele que faz sumir o chão embaixo de nossos pés; e que cria lembranças travessas que adoram viajar por aí. Lembranças que nos encontram depois, para, na boca que experimentou o calor de outra boca, fazer brotar um sorriso indolente, manso, quente. Sorriso de saudade.

Beijo é fogo de lenha, vai pegando a gente aos poucos. Altera a temperatura do corpo, faz a alma ferver. Não há como dissimular intenções num beijo, sua linguagem é alheia às limitações da razão. Fala por si só, reverbera sua volúpia e rebeldia, em ondas que se derramam desde a superfície suave dos lábios até todos os outros cantinhos de nós.

Há beijos que ficam gravados na gente de um jeito que não importa o tempo que passe, a cada vez que alguém se beijar na nossa frente, é daquele beijo que vamos lembrar. Beijo não é pra ser dado com pressa, distração ou descuido. É o anúncio de outras possibilidades, outros encontros, outros desejos. Aconchego, intimidade.

Beijo é conversa sussurrada, é vontade que não passa, é febre que a gente não quer curar. Beijo é convite à invasão de outros territórios, é queda de muros ilusórios é vontade inconsciente de querer ficar. Não há mentiras que escapem à revelação de um beijo, não há segredos que resistam ao indolente roçar dos lábios.

Há tanta força amorosa e sensual na entrega de duas bocas ao beijo, que o resto todo do corpo se rende. As pernas amolecem, as mãos viram dançarinas loucas para deslizar seus passos de dança na pele da outra pessoa. É do encontro e da entrega entre duas bocas que se descobrem, que nasce o desejo por todo resto. E não há transa louca ou sexo selvagem capazes de substituir o que o corpo inteiro revela num beijo, longo, molhado, profundo. Beijo na boca é a melhor coisa do mundo, quando tira de nós a noção das horas.

Que os beijos sejam muitos, doces, fortes, infinitos, íntimos. Que nossos corações apaixonados sejam o palco dos incontáveis beijos de puro amor, ou puro desejo. Porque essa coisa efervescente que borbulha a gente lá por dentro, desperta no fundo do peito nossa vocação para ser e fazer alguém ter fé na vida. Uma fé pagã e universal que ilumina tudo, de uma luz intensa e urgente. Que esse calor nos abrace e transborde nos olhos, na pele e na alma e faça dissolver nossos sentidos na calma amorosa de um beijo.

25/05/2016 Posted by | Amor | Deixe um comentário